Coragem - Flor, Priscila
- Flor Priscila
- 21 de abr. de 2024
- 1 min de leitura

Na pausa para o pãozinho, pensei em quantas pessoas me chamam de corajosa. Elas dizem que queriam ter a minha coragem de viajar sozinha ou de vender arte de forma ambulante. Elas dizem que queriam a minha coragem para sair sozinha até para ir ao cinema.
Na verdade, nós mulheres não somos criadas pra liberdade, para independência. Somos ensinadas a maternar as bonecas, os animais de estimação, os namoradinhos, o marido e os futuros filhos. Os homens é que são os aventureiros, os livres, os viajantes.
Isso é chocante em uma sociedade que acostumou a ver mulheres na posição de contidas e mulheres negras na posição de servidão e vulnerabilidade social.
Coragem é uma brecha no meu peito, é uma parte do que sinto. Não escolhi nascer onde nasci, mas escolho para onde vou. Escolhi ser corajosa para honrar a memória dos meus ancestrais que pagaram com a vida pela "insubordinação". Coragem é o meu dever perante a vida e aos meus sonhos.
Quando me perguntam se eu tenho medo, digo que sim. Medo é humano, medo é natural, é saudável até. Medo é um mecanismo de defesa da máquina corpo. A coragem também é natural, é um mecanismo de impulsionamento, de criação. Medo e coragem são sementes que nascem na mesma terra e é VOCÊ que escolhe qual delas vai regar mais.
Em um país estruturalmente racista, ser corajosa é uma desobediência.
Flor, Priscila
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